BASTIDORES DA MÍDIA - O QUE O PIG NÃO MOSTRA, VOCÊ VÊ AQUI!

EUA: um Estado em guerra perpétua

Há mais de 300 anos os States vivem uma guerra perpétua, inclusive, até guerra entre eles mesmos saiu nesse período. 

Porém, nos últimos 100 a ingerência norte-americana chegou em um ponto que posso seguramente afirmar que nos último século eles estiveram envolvidos em, exatamente, TODOS CONFLITOS! Fossem regionais, locais, internacionais, políticos e armados houve (e ainda há!) intromissão dos yankees. Saiu e entrou presidente, a política externa continuou a mesma.

De Salvador Allende e João Goulart na América Latina até os regimes islâmicos árabes e ilhotas do Pacífico houve derrubada,  ingerência e guerra pelo globo em nome de uma "democracia e liberdade" que só serve se for norte-americana e trazer benefícios ao capital.

O fim da Guerra Fria só serviu para agravar a intromissão estadounidense nos demais países, afinal, o "perigo comunista" e o seu Estado haviam desaparecido!

Passou-se um pouco mais de tempo e acontece o grande trunfo que o militarismo aguardava: O 11/09!

"Diz-se até, que na ocasião, gargalhadas eram ouvidas de dentro do Pentágono e do Departamento de Estado Norte-americano."

O inimigo só trocou o apelido, passou de URSS para Islamismo, quando na verdade o inimigo é o mesmo nos dois casos; sociedades independentes da Casa Branca que poderiam servir de inspiração à outras dezenas de sociedades pelo globo!

Passa-se mais um pouco e a URSS Rússia volta a ser o novo inimigo, e olhem que engraçado, a Federação Russa passa a ser o novo inimigo dos EUA justamente em um momento onde ela começa a mostrar ao mundo que um mundo liberto do Tio Sam é possível!

Ignore a mídia ocidental, cúmplice dos Estados Unidos, e seus asseclas (União Europeia).
No "vale-tudo" mundial, a desinformação passa a ser a principal arma do confronto, podendo transformar uma emissora de televisão mais mortífera do que um míssil nuclear!

Se os Estados Unidos julgarem necessário fazer um nova guerra, sem dúvidas o farão!


VAZA PROCESSO DE SONEGAÇÃO DA GLOBO!



Em 2002 a TV Globo usou uma empresa laranja para adquirir, sem pagar impostos, os direitos de transmissão da Copa do Mundo daquele mesmo ano.

Os auditores fiscais fizeram uma apuração rigorosa e detectaram graves crimes contra o fisco, aplicando cobrança de multas e juros que, somados à dívida fiscal, totalizavam R$ 615 milhões em 2006. Hoje esse valor já ultrapassa R$ 1 bilhão.

Em seguida, houve um agravante. Os documentos do processo foram roubados. Achou-se uma culpada, uma servidora da Receita, que foi presa, mas, defendida por um dos escritórios de advocacia mais caros do país, foi solta, após conseguir um habeas corpus de Gilmar Mendes.

Em países desenvolvidos, um caso desses estaria sendo investigado por toda a grande imprensa. Aqui no Brasil, a imprensa se cala. Há um silêncio bizarro sobre tudo que diz respeito à Globo, como se fosse um tema tabu nos grandes meios de comunicação.

ABAIXO VOCÊ CONFERE OS DOCUMENTOS VAZADOS:

A DÉCADA EM QUE O FASCISMO EXPLODIU NO MUNDO

 Por Ação Antifascista Brasil



O mundo vem sendo tomado por uma onda de ódio e fascismo, golpes militares, escaladas de terror e violência, ganho da extrema-direita na política. O que está acontecendo?

Isso é o capitalismo pedindo socorro, o ovo da serpente fascista é incubado pelo capitalismo e eclodido sempre em uma crise. O fascismo é o pedido de socorro do capitalismo. 
Muitas (se não todas) vezes essas escaladas de terror fascista tem aval, financiamento dos Estados Unidos.

Se o Brasil não for alinhado com os EUA então prepare-se, lá vem fascismo!
Com a aproximação do brasil com a Russia e a China, com a formação dos BRICS e consolidação desse bloco econômico que já prometeu sair das asas do FMI e s recentes escandalos de espionagem dos EUA o risco do fantasma fascista chegar ao Brasil está cada vez iminente....
Em 2012 um agente da ABIN foi pego PASSANDO INFORMAÇÕES DE FRONTEIRA PARA OS EUA! (http://goo.gl/lDBYOr)
Por que será que isso ocorreu?
É a hora de nós antifascistas do país nos unirmos o quando antes! 

CASOS DE FASCISMO MODERNO REGISTRADOS NO MUNDO:
BRASIL: http://goo.gl/i0JXS9
FRANÇA: http://goo.gl/keuGXE
ISRAEL: http://goo.gl/YE33Nc
GRÉCIA: http://goo.gl/COq6vS
ARGENTINA: http://goo.gl/MBnIH8
ESPANHA: http://goo.gl/z9Qwdk
JAPÃO: http://goo.gl/vv03Nq LINK 2: http://goo.gl/cMcFDt
UCRÂNIA: http://goo.gl/Lqj5Fm
TAILÂNDIA E UNIÃO EUROPÉIA: http://goo.gl/OGHP0X

A NOVA FACE DO FASCISMO:
http://goo.gl/QrFwh7
http://goo.gl/Szq0qn


Curta: Ação Antifascista Brasil
Rompimento PT-PMDB é benefício para o PT

Rompimento PT-PMDB é benefício para o PT

PMDB vai sair do governo? Bom para o PT!

Grande engano pensar que o PT faz aliança com o PMDB por causa dos votos da eleição. Ele já venceu outras eleições sem estar coligado com esssa gente: em 2002 com Lula!

O PMDB, na atual conjuntura política, é importante somente no legislativo onde tem uma ampla base de deputados e senadores.

Vai ser difícil, enfrentará a oposição mais raivosa desde o século XX. Vai ter projetos barrados, pedidos e mais pedidos de CPI negados, vai ser um inferno. Mas talvez, essa seja a hora e o sinal de que o PT deve retornar para as suas raízes e parar de somente governar para o povo e governar também COM O POVO!

Se o PMDB romper com o PT, espero que seja logo, assim o Partido dos Trabalhadores poderá se reconciliar com a esquerda eleger um parlamento forte de esquerda, fazer frente a direita que está há quase 12 encampada no Congresso.

O Partido dos Trabalhadores precisa mudar radicalmente sua secretária de comunicação ao mesmo passo que Paulo Bernardo seja ejetado de seu ministério no governo Dilma.

Serão tempos turbulentos na política brasileira. Uma guinada brusca à esquerda com o retorno do PT para as suas bases poderão transformar a política brasileira numa verdadeira hecatombe, mas com o devido apoio popular e a adoção de medidas que fizessem a direita sentir vergonha do que é, a eesquerda sairá vitoriosa. Pura utopia.

Minha dica: Dilma convocar um pronunciamento, abrir o jogo com o povo brasileiro para assim começar a reconciliação da esquerda brasileira. Ahh... e que o novo vice seja do PCdoB.




Decifrando Rachel Sheherazade

-Por David G. Borges

Para quem tem dificuldade de entender o motivo pelo qual Rachel Sheherazade recebeu tantas críticas:

1 - O pensamento dela parte de uma visão distorcida de um filósofo chamado Thomas Hobbes (1588-1679). Resumidamente falando, Hobbes afirmava que o ser humano em "estado de natureza" (sem uma estrutura política que o limite) iria sempre perseguir a satisfação de seus desejos, o que resultaria em incessantes conflitos entre as pessoas quando o desejo de um entrasse em conflito com o do outro. Isso resultaria em uma "guerra de todos contra todos", e daí deriva a necessidade de um estado forte - e absolutista - que através de sua enorme força repressiva conseguisse limitar os conflitos e assim preservar a integridade física das pessoas - ao custo de sua liberdade. O erro de Rachel Sheherazade nesse aspecto: Hobbes nunca defendeu que os cidadãos seriam capazes de executar "justiça" por conta própria - pelo contrário, considerava que a população em geral é intelectualmente incapaz para discernir sobre questões de justiça, e que todos (sem exceção) possuem o mesmo potencial para serem violentos e despóticos em relação aos seus pares.

2 - Quando ela fala sobre o governo ter desarmado os cidadãos e sobre o grupo de justiceiros estar usando de "legítima defesa", está usando uma interpretação igualmente distorcida de outro filósofo do período moderno, chamado John Locke (1632-1704). Locke afirmava que todo cidadão deveria possuir meios de defender suas propriedades. Mas para Locke a PRINCIPAL propriedade de um ser humano é seu próprio corpo, e este é inviolável - com esse argumento Locke se opôs fortemente à tortura, à pena de morte, a castigos físicos em prisioneiros e à escravidão como fora praticada nas Américas (ele admitia a possibilidade de trabalhos forçados como reparação para crimes contra indivíduos). Na verdade, para Locke o direito à propriedade material nada mais é do que uma "extensão" dos direitos de se auto-possuir (ou seja, propriedade sobre o próprio corpo), então os bens materiais são secundários em relação à integridade física, que seria INVIOLÁVEL. O pensamento de Locke é a base sobre a qual começou a ser construída a noção de direitos humanos, que pessoas como Rachel Sheherazade - e aqueles que a aplaudem - rejeitam (mesmo sem saberem do que se trata).

3 - Quando ela defende que alguém seja capaz de determinar quem é culpado ou inocente, julgar qual seria a pena aplicável e executá-la, está violando um dos fundamentos mais básicos de toda a organização política ocidental: a divisão de poderes. Essa noção se iniciou com Locke (já citado) mas foi aprimorada por um pensador chamado Montesquieu (1689-1755). Para Locke, quanto mais "fraco" for o estado, menor a possibilidade dele se tornar tirânico e abusar do cidadão (o que é uma crítica ao que Hobbes, também já citado, defendia). Montesquieu formulou que o estado deveria, portanto, ser dividido em três seções distintas, cada uma com função diferente: aquela que faz leis, aquela que julga as relações entre cidadãos de acordo com as leis já existentes, e aquela que executa as leis e os julgamentos. Aquilo que hoje chamamos de Legislativo, Judiciário e Executivo, respectivamente. Ao defender a atitude dos justiceiros (ou de policiais que realizam execuções sumárias - coisa que ela também já defendeu), ela está eliminando essa divisão de poderes: o mesmo que determina regras, julga; o mesmo que julga, executa. A consequência, clara, é a de que alguém que faça essas três coisas ao mesmo tempo passa a ter poder de vida ou morte sobre outro cidadão, sem necessariamente ter preparo ou legitimidade para isso - ou seja, nada mais é do que um déspota. E não faltam exemplos históricos disso: todas as ditaduras da história se basearam na falta de limites entre essas três funções.

4 - Quando ela afirma que o fato do rapaz ter fugido imediatamente ao invés de ter prestado queixa é um indício de que ele era culpado de algo, está simplesmente sendo burra: após ser espancado, ter sua orelha arrancada e ser acorrentado nu a um poste - pelo pescoço - alguém em sã consciência iria permanecer no local? Ainda mais sabendo que os mesmos a quem ele deveria reclamar poderiam fazer a mesma coisa novamente, ou podem ter sido coniventes com o que já havia ocorrido? E o fato de que os agressores provavelmente estavam nas redondezas? Qualquer um fugiria correndo em pânico assim que a corrente fosse serrada.

5 - A frase "o contra-ataque aos bandidos é o que chamo de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem estado contra um estado de violência sem limite" é ABSURDAMENTE parecida com as frases usadas por alguns dos movimentos mais violentos da história. Cito como exemplos a Ku Klux Klan (que existe até hoje) e os Nazistas à época da Segunda Guerra Mundial - podem procurar vídeos a respeito no youtube. 
TODOS os movimentos de "limpeza social" se justificam afirmando que estão apenas se defendendo contra uma ameaça externa. Inúmeros grupos terroristas islâmicos emitem exatamente o mesmo tipo de discurso, e se justificam da mesma forma. A ditadura no Brasil também foi instaurada para supostamente livrar o país da "ameaça" do "comunismo" - e, até onde sabemos, deixou 20 anos de repressão, 457 mortos (confirmados) e pelo menos mil outros "desaparecidos" políticos, além de um grande número de exilados.

6 - Em seu discurso ela propôs que fossem jogados fora todos os fundamentos da constituição brasileira, além de nossos códigos penal, processual e civil.

7 - Ela não atentou para o fato de que os "justiceiros" também cometeram vários crimes graves, e que por isso são potencialmente tão perigosos para a sociedade quanto o homem que "puniram".

8 - Quando falou sobre defensores dos direitos humanos, demonstrou não conhecer SEQUER o conceito de "direitos humanos". Ela e seus admiradores acreditam que "direitos humanos" é o nome de alguma coisa genérica que só aparece em casos que envolvem criminalidade, e sempre para defender a parte "errada" da história. Desconhece, por exemplo, que é por causa do conceito de direitos humanos que as pessoas não podem mais ser escravizadas, que é proibido chicotear alguém para que trabalhe mais, que jornadas de trabalho são limitadas a um determinado número de horas, que ninguém pode ser preso sem justificativa, que todos devem ter direito a um julgamento justo e a ampla defesa, que tortura não é aprovada como método de interrogatório, que o governante não pode ordenar a execução sumária de alguém que não goste, que o estado deve providenciar o mínimo necessário para a sobrevivência e a educação das crianças, que jovens menores de idade não podem ser vendidas para casar, que o governante não pode exigir de um casal recém-casado que a mulher passe a noite de núpcias com ele... coisas que afetam o cidadão comum, que poderia ainda estar sendo vítima disso tudo - como já aconteceu em outros momentos históricos.

Ou seja, a mentalidade de Rachel Sheherazade precisa alcançar, NO MÍNIMO, o século DEZESSETE. E eu nem entrei em outros pormenores, como os fundamentos da ética kantiana (que também é base da concepção de direitos humanos), da ética cristã (ela alega ser cristã), dos crimes que ela cometeu ao falar aquelas barbaridades em rede nacional (incitação ao ódio e apologia ao crime), do fato de que a criminalidade é fruto de condições sociais e por isso o indivíduo que se torna criminoso não tem total controle sobre sua escolha (coisa que se sabe desde o século XIX), que o sentimento de revanchismo pode levar a população a um "comportamento de massa" que resulte em um movimento totalitário (fenômeno que ocorreu na Segunda Guerra Mundial, mas só foi explicado academicamente na década de 50), e assim sucessivamente.

No final das contas, quando você concorda com Rachel Sheherazade isso diz muito mais a seu respeito do que a respeito dela.



O futuro repetindo o passado?

- Por Breno Altman

Corria o ano de 1976. O Partido Comunista Italiano alcança 36% dos votos nas eleições parlamentares (quase o dobro do PT em disputas pela Câmara dos Deputados). O secretário-geral do partido, Enrico Berlinguer, anuncia a política de solidariedade nacional. Apesar de não integrar o governo hegemonizado pela Democracia Cristã, passaria a apoia-lo no parlamento. O objetivo era dar estabilidade política ao país, que vivia longa situação de empate entre esquerda e direita, abrindo hipoteticamente caminho junto ao eleitorado mais conservador.

Esta política provoca muita tensão em setores do partido. Não há dissidências expressivas, mas o diálogo com a juventude estudantil e operária, cujo ápice de mobilização tinha ocorrido nos anos anteriores, é bastante afetado. Organizações extra-parlamentares ganham espaço para liderar parcelas da esquerda, em um rumo oposto ao pregado pelos comunistas.

Nesse caldo de cultura - que combina o quadro internacional com a podridão da DC e a guinada do PCI -, emerge a luta armada na Itália, até então circunscrita a ações de propaganda. As Brigadas Vermelhas, fundadas em 1970, conquistam certo apoio e se lançam na chamada "estratégia da tensão", declarando guerra aberta ao Estado burguês. Sua principal ação: o sequestro e assassinato, em 1978, do ex-primeiro ministro Aldo Moro, um dos chefes máximos da Democracia Cristã.

A direita pressiona por mudanças legais e constitucionais. Aspira por leis de exceção que permitissem a radicalização da repressão não apenas contra as Brigadas e outras organizações combatentes, mas contra o chamado "movimento" - os numerosos grupos sociais que davam suporte, direto ou indireto, à luta armada.

O PCI vive, então, um impasse. Romper com a política de solidariedade nacional, defendendo a Constituição e recompondo sua influência à esquerda. Ou manter seu compromisso com a DC, abraçando as políticas repressivas. Prevalece a segunda hipótese. A Itália passa a ter juízes sem rosto, suspensão de garantias constitucionais, aceitação de culpa por presunção, repressão massiva sem ordem judicial. Com o aval comunista.

Após alguns anos, as Brigadas estavam derrotadas. Quem havia se fortalecido era a direita mais dura, no seio da DC. O PCI tinha perdido influência e vê sua votação decair fortemente. Berlinguer se dá conta do erro cometido desde 1976 e comanda a virada da política nos início dos anos 80, voltando à estratégia de confrontação contra as classes dominantes e o conservadorismo.

O partido recupera um pouco de sua força. Com a morte súbita do secretário-geral, em 1984, chega aos 33% dos votos nas eleições européias e é, pela primeira vez, o partido mais votado da Itália. O "efeito Berlinguer", no entanto, dura pouco. A decadência eleitoral e social se impõe nos anos seguintes. Uma forte corrente revisionista, forjada durante a política de solidariedade nacional, impede que se consume a guinada proposta pelo líder comunista antes de sua morte.

Final dos anos 80. Crise do socialismo. Colapso da União Soviética. A queda de influência se combina com o caos político-ideológico. A ala de direita assume o comando e liquida o PCI, que passa a se chamar Democratas de Esquerda, depois apenas Democratas e finalmente Partido Democrata. Rompe com o marxismo e o socialismo. Vira um trapo político, cuja ascensão eventual na política italiana depende de sua aliança com os antigos democratas-cristãos e seus satélites. Apóia o neoliberalismo, a política norte-americana e as posições mais conservadoras.

Os setores que discordaram dessa revisão ficam isolados e entram em processo de divisão. A esquerda italiana, a mais potente e vigorosa de todo o mundo ocidental, passa a viver sua longa crise terminal.

Obviamente as situações são distintas. Mas não é o caso da esquerda brasileira aprender algumas lições com essa experiência? Não seria útil refletir o que acontece quando um partido de matiz socialista passa a defender os instrumentos de repressão de um Estado que segue sob hegemonia burguesa? Não seria importante pensar quais as consequências quando a esquerda abandona o papel de campeã radical da democracia para ser o partido de uma ordem que não é a sua?



A BADERNA ME REPRESENTA!

Leiam isso sob ótica do movimento chamado "rolezinho". Será esclarecedor.
 Por Homero Fonseca

Está no Houaiss: “baderna – situação em que reina a desordem; confusão, bagunça”. O dicionário localiza a origem da palavra no antropônimo Marietta Baderna, dançarina italiana que esteve no Rio em 1851, “causando certo frisson”. Durante a ditadura militar, esta palavrinha foi estigmatizada, com seu derivado “baderneiro” servindo para qualificar oposicionistas, líderes estudantis e militantes sindicais.

Otto Lara Resende perguntara, pelo Globo, em 1987, o que diabos a moça teria feito para figurar nos dicionários com tal acepção. Moacir Werneck de Castro respondera, dias depois, pelo Jornal do Brasil, inventando uma biografia mirabolante da dançarina italiana. O escritor Silvério Corvisieri, seu compatriota, resolveu pesquisar a sério, publicando Maria Baderna – A Bailarina de Dois Mundos, livro do qual emerge uma personagem fascinante e um exemplo do que o tempo e as circunstâncias fazem com uma palavra.

Marietta Baderna nasceu em Castelo San Giovanni, no Piemonte, em 1828. Seu pai, o médico Antonio Baderna, era um liberal ligado aos ideais de Giuseppe Mazzini, revolucionário que lutava contra a ocupação austríaca do norte da Itália. Aos 12 anos, revelando talento para a dança clássica, Marietta foi levada pelo pai para Milão, onde ingressou no curso do professor Carlo Blasis. A partir daí, sua carreira foi vertiginosa. 

Estreou no Scala em 1843, com sucesso de crítica e público, tornando-se, quase menina, a primeira bailarina deste teatro lírico. Apresentou-se em Londres e Trieste, arrancando aplausos das plateias e suspiros apaixonados. Inteligente, culta, impetuosa, entrou com gosto na roda viva do meio artístico, como conta Corvisieri: “vivia dias de intensa paixão, dividindo-se entre o engajamento político, o teatro e um bando de cortejadores”.

Vieram as revoltas de 1848, a derrota dos nacionalistas e o recrudescimento da repressão austríaca. Perseguidos, Marietta e o pai abandonaram o país natal, embarcando, com 55 artistas de uma companhia de canto e outra de dança, rumo ao Brasil.

No Rio, a companhia italiana apresentou-se no Teatro Imperial de São Pedro d’Alcântara. Marietta estreou com o balé Il ballo delle Fate (O Balé das Fadas), do coreógrafo Giuseppe Villa, na noite de 29 de setembro de 1849. Fez furor. O jornal Correio Mercantil classificou-a como “a rainha das fadas”. Em poucos meses, Marietta tornou-se uma espécie de divindade pagã, musa da juventude romântica, admirada pelos intelectuais, desejada pelos aristocratas.

O Correio Mercantil registrou: daquele momento em diante, “baderna significaria dança elegante; badernar, dançar elegantemente; badernador, apaixonado profissional de dança baderna; badernistas, amantes sensatos; baderneiros, amantes fanáticos”. O sucesso repercutia nos jornais especializados da Itália e da Europa. Inúmeros artigos de Gonçalves Dias, José de Alencar e José Maria Paranhos (futuro Barão do Rio Branco), elogiavam a “sílfide etérea” que deflagrou uma “febre dançante” no Rio oitocentista.

Em janeiro de 1850, quando estreava o balé La Discepoladell’Amore, estourou uma epidemia de febre amarela no Rio e, durante quatro meses, os espetáculos foram suspensos. Seu pai caiu doente e morreu. Ela contraiu a doença, ficou entre a vida e a morte, e sobreviveu. Nada menos de 80% dos artistas que vieram com ela da Itália sucumbiram. As mortes no Rio, que tinha 240 mil habitantes, chegaram a 16 mil. A partir daí, sua vida daria uma guinada: ficou mais ligada ao namorado, o bailarino francês Jean Tupinet, com quem passou a morar – um escândalo para a sociedade da época. Sua amiga, a soprano Augusta Candiani, largou o marido e foi viver com outro – mais um escândalo. A fama das artistas italianas tornava-se cada vez mais negativa. Ainda por cima, Marietta era aplicada devota do absinto e, cúmulo dos cúmulos, frequentava, na companhia de jovens intelectuais pálidos e barbudos, as praias e a Praça da Carioca, onde negros e mestiços se exibiam em danças consideradas lascivas e imorais.

Paralelamente, estouram escândalos de corrupção na administração do Teatro São Pedro d’Âlcantara, provocando a criação de uma CPI no Congresso, a demissão do diretor Manuel Araújo, briga com e entre artistas, disputas dos “partidos”, repercussão na imprensa, culminando com o fechamento temporário do teatro. Ela decidiu fazer uma temporada no Recife, onde havia sido inaugurado “um esplêndido teatro lírico”, para onde Augusta Candiani e o maestro Giannini já tinham ido.

Marietta chegou ao Recife em princípios de 1851 e apresentou-se no Teatro de Santa Isabel. Repetiram-se as cenas de Milão, Triste, Londres, Rio: aplausos, flores, poemas de admiradores. Então, um desses admiradores publicou um “a pedido” no Diário de Pernambuco (28 de janeiro), elogiando a sedutora exibição da bailarina italiana no pas-des-deux do Lago delle Fate e perguntando, provocadoramente, por que razão alguns obstinavam-se em manter fora dos palcos “os nossos fados, lunduns e bahianos, que são danças brasileiras”; “por que razão estas danças são rotuladas como indecentes e imorais”? (…) “Qual o passo, qual o bamboleio, o rebolado do lascivo lundum que poderia ser comparado aos trechos em que a delicada Baderna, leve como uma sílfide, abre as pernas como se desejasse se dividir em duas”?

Fiel ao seu temperamento, Marietta aceitou o desafio. No mês seguinte (fevereiro), apresentou no palco do Santa Isabel o espetáculo Lundum d’Amarroa. O público se dividiu violentamente: na platéia, os estudantes de Direito aplaudiam e, nos camarotes, a elite açucareira vaiava. Em maio, ela repetiu a dose com o balé Negri, de título inequívoco. Novas confusões na platéia. A palavra baderna começava a ganhar um novo significado. Nos jornais, entretanto, multiplicavam-se as poesias de fãs ardorosos.De volta ao Rio, Marietta torna a ocupar o centro das atenções. Novas companhias italianas e francesas aportaram no Rio e logo os costumes desinibidos dos artistas provocaram a reação irada dos conservadores. Seu porta-voz, o Jornal do Commercio desencandeou uma violenta campanha moralizadora, denunciando “a indecência das danças”, identificando a arte como “uma escola de prostituição”. Marietta é citada nominalmente como “vivendo uma vida desregrada”.

Novamente no Rio, sua carreira começa a oscilar. Cada vez mais fica sem contrato, até desaparecer completamente da cena teatral da cidade. Durante algum tempo, seus admiradores provocaram tumulto nos teatros, exigindo sua presença. E o termo baderna ganhou definitivamente, ao que parece, sua concepção moderna. Ela ainda tentaria uma minitemporada malsucedida em Bordeaux, na França, na qual, ao que consta, deixou de comparecer a uma sessão, tendo o público atribuído a ausência ao álcool. O fiasco repercutiu na imprensa italiana, que lamentou o fato de ter abandonado uma brilhante carreira para transferir-se para o Brasil, “o túmulo de seu talento”. Depois disso, nunca mais se falou em Marietta Baderna. A “graciosa sílfide que sempre aplaudimos” (José de Alencar) saiu de cena e entrou para os dicionários.

O último registro sobre ela parece ter sido colhido por Rejane Bonomi Schifino, que em recente dissertação de mestrado na Unicamp, afirma ter se tornado professora de dança nas escolas femininas do Rio em 1870, vivendo em precárias condições financeiras. Além das teses acadêmicas, a memória dessa extraordinária bailarina está registrada num curta-metragem dirigido por André Francioli, em 2004, e, recentemente, na homenagem de sua cidade natal, Castel San Giovanni, que lançou em março passado um concurso de poesia com o seu nome.
*Publicado em Homero Fonseca com o título "A baderna e o dicionário".




Onde um é impedido de entrar, então, todos devem moralmente sair

Por Flávio Luque em colaboração com a Bastidores da Mídia

Os recentes eventos que andamos acompanhando, apelidados de "rolezinhos" são uma tentativa de ocupar um espaço de ilusão e alienação consumista, permeado pelo principio de "propriedade privada". Princípios que acabam minando desejos e sonhos de uma juventude que, antes não tinha nada, e agora deseja-se fazer parte daquilo que foi "expurgado".

A tal da "propriedade privada" da qual os shoppings (o centro dos rolês) desejam tanto gozar, acaba virando justificativa para mais uma tentativa elitista de segregar socialmente uma juventude criada na periferia, a margem da sociedade "civilizada".

No último sábado (11/01) quando o shopping JK Iguatemi, em São Paulo, usou do poder judicial para barrar e exercer a sua política higienista, podemos ver claramente à quem o governo do estado de São Paulo, gerenciado por Geral Alckmin (PSDB) está a serviço: da chamada "massa cheirosa" da sociedade.

Qual o critério usado pela PM para determinar quem seriam os integrantes do "rolezinho"? Olhometro?




Situando: o Shopping JK Iguatemi é gerenciado pela família Jereissati, mesma família tradicional encampada no PSDB.

Assim, um verdadeiro "rolezinho" deve, então, protestar contra esses valores e essa falsa ilusão de felicidade baseada no consumo da forma mais simples possível. É justamente resistir a entrar num espaço asfixiante, repulsivo e (agora "não público").